quinta-feira, 14 de julho de 2011

Um pensamento



   Na última segunda li na Época online a coluna da jornalista Eliane Brum - "Meu filho, você não merece nada".
   Imediatamente pedi para meu marido ler, inclusive fizemos isso juntos e conversamos bastante sobre.
   Eu me pego pensando nisso desde então, talvez porque o que tenha lido me fez entender algumas coisas na minha vida, ou então pela fase que passo com o Claudio Gabriel, menino de 4 anos nada fácil de lidar.
   Acho que muito provavelmente as duas coisas juntas rs

   Com certeza aprendemos um pouco sobre ser mãe com os pais que tivemos.
   Os meus, hoje sei, não estavam preparados para isso. Mas até aí, alguém era bem preparado quando o filho chegou !?
   Eu tinha sido filha, queria ser mãe, cursei magistério e estava na universidade de psicologia quando o Gabriel veio. Nem toda minha experiência com crianças e meu saber em pedagogia, didática, psicologia infântil e teorias mil me ajudou.
   Na verdade, depois que ele nasceu, fiz tudo que dizia não fazer jamais com um filho meu. =/

   Minha mãe não me permitia sofrer, o esforço extra-humano que ela fazia era visível, mas a cobrança pela perfeição aos olhos dela também era.
   Não precisava tirar as melhores notas, mas não podia decepcionar, o que era bem pior.
   Eu comia sem querer porque ela tinha cozinhado, não saia com minhas amigas pois ela não podia ficar sozinha, não brincava com nada diferente porque machucava ou era sujo, não cresci porque o mundo era perigoso. 
   Ela só fazia a parte dela, cuidava em excesso para que o mundo não me magoasse.
   Cresci ouvindo: Eu confio em você, só não confio no mundo nos outros !!!
   Claro, impossível conseguir isso e quando o mundo me encontrou (ou eu encontrei ele, não sei ao certo rs) foi uma paulada sem preparo nenhum, pra nenhuma das duas.
   E quando percebi que tudo estava errado, que não podia ser como ela queria, que eu tinha sim problemas e defeitos, pra quem correr e conversar !?!?!
   Até com um médico minha mãe brigou quando ele disse que ia me internar por eu estar com pneumonia, afinal a filha dela não podia ter defeitos, ela tinha feito tudo certo.
   O corpo abafado adoece!
   Duro pra ela, duro pra mim. Seria tão mais simples só viver e deixar viver.
   Eu fracassei, eles também. Todo mundo acertou, sobrevivemos.

   Agora me vejo em dúvida com o Gabriel, sei dos meus defeitos e acabo pegando pesado demais com ele. 
   Não quero ele igual a mim, não quero que ele cresça cheio de proteção, mas as vezes erro a mão e sou dura demais. =/
   Quero que ele entenda que o mundo não para pra ele se recuperar de uma queda e que é assim que a gente aprende e cresce, mas também quero que ele saiba que tem meu apoio, meu carinho, que pode se abrir pois tem minha atenção, que pode ter defeitos e tem que lidar com eles, mas meu amor será sempre seu.
   Quero que ele cresça uma boa pessoa, respeite o próximo e acima de tudo se respeite.
   O ponto certo eu ainda não encontrei, mas procuro fazer o meu máximo a cada dia.
   Quero deixar um filho melhor, para assim fazer um mundo melhor.

   Uma coisa eu já sei que acertei, Gabriel tem um pai que também tenta (mesmo sem ter tido um exemplo pra seguir), portanto estamos aqui, errando e acertando juntos, sempre por ele e para ele.
   E o mundo pode não ser o melhor, com certeza não é igual ao do amigo ou do comercial de margarina.
   Mas dentro do possível, do nosso possível, vai ser colorido, gentil e nos piores dias esperançoso =)

Um comentário:

  1. Carol parabéns pelo blog, pela forma sensível e clara como escreve os assuntos, e imagino o quanto é difícil expor opiniões, afinal, mesmo numa democracia sempre tem quem não concorde..rs..rs.Sem dúvida a arte de criar,cuidar não é tarefa fácil, vc diz como frutas e verduras mas o mundo da publicidade e com suas tv de alta definição diz o contrário..rs..rs..Parabéns e continue assim...:)

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